quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Intoxicações

As intoxicações são muito comuns na rotina das clínicas veterinárias.




A causa mais frequente de intoxicação é a administração de medicamentos humanos para cães e gatos. Muitas vezes, na melhor das intenções, o proprietário do animal causa uma grave intoxicação ao medicá-lo com “um simples remédio para dor”.

Além de produtos extremamente tóxicos, existem várias substâncias potencialmente perigosas para os cães e gatos dentro das nossas casas. Tudo depende da quantidade ingerida (ou aplicada no animal) versus o peso do cachorro ou gato.
Você sabia que um pedaço de chocolate amargo pode até matar um cão de pequeno porte?

Segue uma lista dos tóxicos mais frequentes:

Anti- inflamatórios não esteroides- diclofenaco, ibuprofeno, aspirina, paracetamol (Tylenol) entre outros.
Os animais podem apresentar alterações digestivas (vômitos e diarreia), hepáticas e renais. O quadro pode ser muito grave, levando ao óbito.

Inseticidas- para controle de pulgas, carrapatos, ratos, baratas e cupins.
Existem muitas drogas seguras no mercado, mas preste atenção ao modo correto de utilizar.

Os produtos a base de piretrina e permetrina- geralmente de uso tópico (talcos, shampoos, sabonetes e coleiras) são seguros se corretamente utilizados, mas não devem ser utilizados concomitantemente na hora do banho, no corpo do animal e na casa por aumentar muito o risco de intoxicação.

Os produtos para tratar sarna (amitraz, por exemplo) devem ser diluídos corretamente e utilizados somente em cães. Se no rótulo ou bula do produto não for especificado o uso em gatos, NÃO utilize.

Existe também pesticidas a base de organosfosforados e carbamatos que são extremamente tóxicos para humanos e animais domésticos. Cuidado com os inseticidas para insetos! O spray se deposita no chão e seu animal pode pisar e/ou lamber o produto.


Alimentos- sabemos que os animais devem receber uma dieta adequada e balanceada. Alguns proprietários oferecem comida ao invés de ração industrializada. Isto é possível, mas é fundamental formular esta dieta com um nutricionista veterinário. As necessidades nutricionais são diferentes entre as espécies. Alguns alimentos humanos são potencialmente tóxicos como:

Chocolate: além de ser rico em gordura, contém cafeína e teobromina que são estimulantes do sistema nervoso central. Os diferentes tipos de chocolate contêm diferentes níveis destas substâncias. O animal pode apresentar vômito, diarreia e até convulsão em casos graves. Quanto mais amargo e escuro o chocolate, maior a concentração de cafeína e teobromina. Para um cão se intoxicar comendo chocolate branco, ele precisaria comer 2 Kg de chocolate para cada 1 Kg de peso dele! Mas bastam 10 g de chocolate amargo por Kg de peso para causar uma intoxicação.

Uva/passas- poucos sabem, mas as uvas podem intoxicar os cães (não há registros de casos em gatos). A ingestão de 10 a 12 uvas para um cão de 10 Kg pode levar a insuficiência renal. As passas são aproximadamente 5 vezes mais concentradas que as uvas frescas, logo devem ser evitadas.

Cebola- pode causar hemólise (destruição de hemácias) em gatos. Evite oferecer alimentos que contenham cebola na fórmula (sopinha para neném, por ex.).


Drogas ilícitas (maconha, cocaína) e álcool – intoxicam os seres humanos e podem levar a quadros graves nos animais. NUNCA ofereça bebidas alcóolicas para seu animal de estimação, ele pode apresentar alterações hepáticas graves.
Cigarro- alguns cães destroem pacotes de cigarro, chicletes de nicotina ou até mesmo comem “guimbas” do chão. A nicotina pode causar sintomas neurológicos (tremores, ataxia) em animais, dependendo da dose. Em cães, 10mg de nicotina por Kg de peso podem até matar. Um cigarro contém de 15 a 25mg de nicotina, logo bastam poucos cigarros para fazer mal a um cão de pequeno porte.

Produtos de limpeza- evite usar e não enxaguar. Os produtos que são muito perfumados atrapalham o olfato, independente de causar intoxicação nos animais. Lembre-se que seu animal vive pertinho do chão, não usa sapatos e se lambe constantemente! A creolina é usada na limpeza de ambientes, mas pode ser extremamente tóxica e causar irritação e queimaduras na pele, olhos, boca e garganta; vômitos e dores abdominais; danos ao coração, fígado e rins; anemia; paralisia facial, coma e até levar a morte.

Adubos – dependendo da composição pode ser extremamente tóxico. A ingestão da torta de mamona pode  causar vômitos, cólicas abdominais severas, diarreia sanguinolenta, choque, coma e óbito na maioria dos casos, dependendo da quantidade ingerida.

Produtos químicos- tinta, resinas, colas, solventes etc. Evite deixar seu animal em casa, se estiver em obras.

Cloro- evite que seu animal de estimação beba água da piscina. Dependendo da concentração, pode causar vômitos e irritação gástrica.

Plantas tóxicas... quem tem bicho em casa sabe que de vez em quando eles adoram comer uma folhinha, uma flor ou um brotinho. Mas existem plantas comuns nas nossas casas que são extremamente tóxicas para cães e gatos.

A maioria das plantas tóxicas causa alterações gastrointestinais, neurológicas e/ou cardiovasculares. 
As mais comuns são vulgarmente conhecidas como: cíclame, hera, lírio da paz, jiboia-prateada, sagu-de-jardim, mamona, amarílis, espirradeira, folha-de-veludo, tulipas, azaleia, maconha, etc...

A ingestão do lírio, em gatos, pode resultar em doença renal grave.

O ideal é oferecer um vaso com grama ou erva-do-gato. Também é possível plantar sementes (a venda nas Pet Shops) para seu gato “pastar” sem risco de intoxicação.

O tratamento das intoxicações deve ser sempre realizado por um médico veterinário e não é recomendado o uso de “receitas caseiras” como administrar leite, clara de ovo, fazer lavagem gástrica etc.

Lembre-se que quanto antes o animal for atendido, melhor o prognóstico.

Dependendo do tipo de substância, a administração de alimentos gordurosos pode até aumentar a absorção do tóxico.

O veterinário pode avaliar a necessidade de internação para tratamento de suporte (hidratação, controle de vômitos, sedação) e se possível, a utilização de antídotos e/ou medicação para diminuir a absorção da substância tóxica.


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